“Não pode ser, não pode ser!”, vociferava o pai.
“Não pode ser, não pode ser!”, desesperava a mãe.
Os quatro avós em coro: “Não pode ser, não pode ser!”.
“Já veio assim, já veio assim!”, esquivava-se a professora.
“Foi uma tr…foi uma tr...”, entreolharam-se os sete:
“Só pode ser, só pode ser!”.
E o médico: “Não houve trocas, não houve trocas!”.
E a enfermeira: “Não houve trocas, não houve trocas!”.
“Como pode ser? como pode ser?”, indagavam-se todos.
E a menina, que nasceu com asas no pensamento, teve a cabeça posta dentro de uma gaiola.
“Irá resolver? Irá resolver?”, questionavam os nove.
“É o que há de melhor, é o que há de melhor!”, afirmava o gaioleiro.
“Não resolveu, não resolveu!”, gritavam ao curandeiro.
“Irá resolver, irá resolver!”, dizia ele aos outros dez.
“Que faremos? Que faremos?”, bradaram os onze.
Então a menina, com gaiola e tudo, saiu voando por sobre eles. Os pensamentos dela todos pra fora da gaiola, o terror deles todo pra dentro.
Com o peso do terror a gaiola foi ao chão. Não lhes caiu em cima, impossível aprisioná-los mais.
“E a menina? E a menina?”, perguntam-me vocês:
A menina seguiu viagem, imaginando, imaginando.
2 comentários:
só agora que vi seu comentário no meu blog. adorei o seu, cotidianamente poético.
Adoreiiii, muito criativo...
Beijos"
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