Retrato em rosa antigo




Porque era romântica usava babados e fitas e rouge ao invés de blush. Meias que se encontravam com a bainha dos vestidos na altura dos joelhos. Tudo em transparências de rosa antigo e bege. E em quase tudo, renda de bilro. Adorava camafeus e também cinema mudo, porque acreditava que dizia mais. “Palavras pra quê, se existe o gesto?”. Aprendi: Palavras pra quê, se existe o gesto? “Mas tem a carta”, disse alguém. E disse ela: “Ah, uma carta é um gesto”. Aprendi também. Colar de pérolas falsas escorrendo no peito de carnes verdadeiras. Ainda no peito, amores inventados – desses falamos depois, hoje não. De antigo não eram só o rouge, a renda, o cinema e o rosa. Tinha a língua. Sonhava em latim. Somniu. Somniu. Somnu… dormiu. Tudo bem, outro dia acabo a história. 

Um comentário:

Rydi disse...

Adoro seus posts.

bjss