Pingo-de-mais-lindo





Eu ando por aqui e vejo o mundo todo, todo. Vejo as cores todas. Vejo as pessoas que estão à minha volta a pé ou de carro, ocupadas, respirando distraídas num raio de 300 metros. Vejo objetos em todo canto: um copo japonês enrolado num jornal de dia desses, um presente de natal recebido fora do tempo, paredes, tapetes, janelas. Com olhos de relógio vejo as horas que despencam sobre a terra cobrindo a vida de minutos. E cada minuto sujando a gente de segundos. Poeira de segundos faz mal, dizem: envelhece. Enfim, o tempo passa e eu vejo, é de dia, é de tarde, não é tarde. Se fosse noite eu veria estrelas. Minha miopia não me impede de ver mais longe porque uso óculos. Só que óculos nunca foram suficientes para quem quer ver mais bonito. Então eu quero que você vire gota e pingue nos meus olhos. Você pingando nos meus olhos torna-os mais verdes. E com olhos mais verdes eu vejo as mesmas coisas que estou vendo agora, mas vejo tudo-mais-lindo-em-folha. 

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